12 de jul. de 2013

No dia 11, operários do ABC vão às ruas, param a produção e apontam os limites das direções governistas




O dia 11 de julho, como Dia Nacional de Greves e Mobilizações foi uma realidade, de Norte a Sul do país os trabalhadores foram às ruas, mostrando que é preciso lutar. O PSTU, junto com a CSP-Conlutas foi às ruas em todo o país colocando as reivindicações dos trabalhadores, enquanto outras centrais tentaram desviar-se das lutas dos trabalhadores para defender o governo. Mas o dia 11 mostrou que é possível fazer greves, mobilizações e que esse é o caminho para as conquistas.

No ABC, estivemos desde as primeiras horas de manhã na porta das fabricas dialogando com os trabalhadores, panfletando e buscando mobilizar os operários pelas suas reivindicações como redução da jornada de trabalho, contra os projetos de lei que terceirizam e precarizam ainda mais as condições de trabalho, por mais dinheiro para educação, saúde e transportes públicos, contra a politica econômica do governo e a privatização da Petrobras que Dilma vem implementando com os leilões do petróleo. Estivemos com os trabalhadores apontando a necessidade de uma verdadeira greve geral nesse país para avançarmos o conjunto da classe trabalhadora e da juventude.

Apesar de saudarmos a iniciativa unitária das centrais sindicais, que atenderam o chamado da CSP-Conlutas para a atividade no dia nacional de lutas, não podemos deixar de registrar que poderia ter sido muito maior e mais extensa a paralisação das fabricas aqui no ABC. Particularmente os metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, pois somente 6 mil trabalhadores foram às ruas aqui no ABC. Além do fato de que a CUT poderia ter buscado maior unidade entre outras cidades como Diadema, Santo André e Mauá, onde foram feitas paralelamente varias atividades e não houve nenhuma centralização ao final da manhã.

"O plebiscito é enrolação, quero dinheiro pra saúde e educação"

Ao tentar desviar-se da pauta dos trabalhadores e fazer um ato em defesa das propostas do governo, como o plebiscito pela Reforma Política, o SMABC atuou contra a disposição de luta dos trabalhadores. Já que este plebiscito não pode resolver os problemas que levaram o povo às ruas e nem mesmo a corrupção, já que sequer propõe a redução do salário dos “políticos”.

Contestando tudo isso, estivemos presentes junto com o Bloco da CSP-Conlutas durante toda a mobilização, contra a política econômica do governo que privilegia banqueiros e empresários e não os trabalhadores, além de denunciar que este plebiscito não passa de uma enrolação para desviar os trabalhadores de sua luta, pois não propõe nada de concreto para o fim da corrupção e nem resolve os problemas do país como o caos na saúde, educação e a inflação que está corroendo nosso salário.

Greve mostra disposição de luta e desconfiança na CUT

A disposição de luta dos trabalhadores é grande, mas suas reivindicações são opostas aquilo que a direção sindical da CUT vem fazendo em parceria da patronal e do governo Dilma. Mesmo com vários trabalhadores não indo à passeata e nem ao ato, garantiram, principalmente nas montadoras, 24 horas de paralisação da produção em São Bernardo do Campo, dessa forma deixando bem claro que há disposição de luta. Foram pouco mais de 6 mil operários nas ruas, quando o esperado pela direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) era de cerca de 30 mil.

Para que os trabalhadores se movam, é necessário que as bandeiras sejam levantadas contra seus verdadeiros inimigos: a patronal e seus aliados - inclusive o governo Dilma, que serve primeiro aos patrões e concede migalhas aos trabalhadores.

Essa ausência é justificada por um lado pelo "corpo mole", da CUT e do seu principal sindicato - o SMABC - que retardaram ao máximo a convocação e preparação de suas bases. Os metalúrgicos sequer foram consultados por meio de uma assembleia sobre como seria sua participação no Dia Nacional de Lutas. Demonstrando a falta de empenho de mobilização da CUT para o convencimento da base em lutar nesse dia.

Por outro lado, a ausência dos operários no ato é reflexo da sua desconfiança em relação a uma manifestação "chapa branca", que conscientemente blindava o governo (veja mais aqui). Os trabalhadores têm visto o atrelamento da direção do sindicato com a patronal e o governo nessa ultima década, que trás desconfiança em lutar sob esta direção, esvaziando as passeatas e ato no Paço Municipal de SBC.

Seguir mobilizados pelas reivindicações dos trabalhadores

Os trabalhadores nas ruas do Brasil hoje, se somam às vozes das manifestações realizadas no mês de junho, exigindo mais e melhores serviços públicos, fim da carestia e combate à inflação por meio do reajuste dos salários e congelamento dos preços dos alimentos, reajuste da tabela do imposto de renda, fim do fator previdenciário e dos acordos de longo prazo que "engessam" as pautas de reivindicações e emergenciais.

Fica mais evidente a necessidade de avançarmos para um dia nacional de greve geral que imponha pela força das ruas a luta contra a politica econômica de Dilma, por mais dinheiro para os serviços públicos, contra o pagamento da divida pública, pelo fim do leilão do petróleo e por uma Petrobras 100% estatal. Contra o plebiscito de enrolação proposto por Dilma, os trabalhadores devem lutar pelo fim do Senado e por mandatos revogáveis para os seus representantes eleitos e que os parlamentares e políticos eleitos recebam salario igual ao de um professor ou operário especializado (sobre isso, veja mais aqui). Por fim, nossa luta deve seguir avançando em defesa dos direitos e conquistas da classe trabalhadora e por uma sociedade socialista onde fato os trabalhadores governem.


Dia 11 mostrou que é possível lutar. Unificar as Campanhas Salariais e ir às ruas em defesa dos direitos e conquistas!

O SMABC colocou na Tribuna Metalúrgica as dificuldades da campanha salarial neste ano, mas a realidade é o oposto! As lutas no país já trouxeram algumas vitórias como a redução das passagens, mostrando que é possível ter conquista quando lutamos. Agora está colocada a possiblidade de mais conquistas, desde que nos mobilizemos e estejamos unidos. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC está indo na contramão das conquistas, pois dividiu a campanha salarial das montadoras com os acordos de longo prazo. Na Volks, por exemplo, os trabalhadores não terão nem mesmo a reposição da inflação neste ano.

Mas é possível inverter esta lógica se o sindicato ouvir a voz das ruas e da categoria e unificar novamente todas as campanhas salariais desse segundo semestre e colocá-la nas ruas exigindo aumento real e reajuste salarial automático ao acumular 3% de inflação e exigir de Dilma o congelamento de preços dos alimentos e das contas públicas, para combater a carestia e a inflação.